Questões de tradução
A Cida - aluna do 4NA de Letras - me enviou algumas sugestões da Revista da Cultura (Edição de Agosto de 2009). O texto é muito interessante, porém tornaria o post enorme; assim, escolhi um trecho que acredito trazer boas e curiosas informações a todos. Quer desejar ver a revista toda pode acessar o link abaixo:
http://www2.livrariacultura.com.br/culturanews/rc25/
Muito obrigada, Cida!
Boa leitura!
DIÁLOGO CULTURAL
Um dos maiores sucessos infanto-juvenis de todos os tempos será analisado do ponto de vista das várias traduções, elaboradas com a finalidade de documentar como um único livro consegue incendiar a imaginação de jovens no mundo todo e sintonizá-los em torno de uma única obra. Tudo isso focado na importância do papel do tradutor. Trata-se da série Harry Potter, da escritora inglesa J. K. Rowling. Entre 7 e 8 de setembro, tradutores do título para diversas culturas se reunirão em Paris, na França, na conferência Globalização Via Localização – Um Diálogo Cultural Através das Traduções de Harry Potter, com o patrocínio da Unesco. Do Brasil – e do português-, a convidada é Lia Wyler, que tem uma experiência bastante particular com os livros do jovem bruxo. Como ela explica, a cultura brasileira já é permeada no cotidiano de referências culturais norte-americanas que, por sua vez, tem padrões derivados da Inglaterra. Assim, em seu caso, sempre foi possível conservar diferenças para destacar que se trata de autor estrangeiro escrevendo para seus conterrâneos. “As crianças inglesas tomam chá e, mesmo acompanhado de bolinhos, continua sendo chá a qualquer hora. Já as crianças brasileiras tomam café com leite e bolinhos, uma refeição chamada de lanche, de merenda. Mesmo assim mantenho chá, que é um dado cultural inglês conhecido”, conta Lia.
Alguma diferença, segundo ela, pode acontecer em ditos populares, muitas vezes inventados por Rowling. “Mantenho o conteúdo intacto, mas mudo alguma palavra para manter o ritmo característico dos ditados populares.” Um exemplo está na frase rimada em inglês "jinx by twilight undone by midnight”. Em tradução livre seria “feitiço ao anoitecer desfaz à meia-noite”, mas foi traduzida como “feitiço ao anoitecer desfaz ao amanhecer” para justamente manter o ritmo.
A manutenção de dados específicos da cultura inglesa de forma literal não torna, no entanto, o trabalho mais fácil. De acordo com Lia, a grande dificuldade está em trabalhar com um texto no qual a autora dá novos significados a palavras de uso corrente, encenando sua trama em um universo paralelo, que exige um profundo conhecimento da cultura do Reino Unido, seus padrões de comportamento, crenças e costumes de seus distintos grupos sociais e dos vários registros em que eles se expressam. “Além disso, em todos os volumes há dezenas de decalques de notícias de jornal, avisos escolares, livro de feitiçaria medieval, irradiação de jogos, cartas oficiais de adultos para crianças e entre elas mesmas, que contribuem para dar maior verossimilhança à trama”, comenta Lia.
http://www2.livrariacultura.com.br/culturanews/rc25/
Muito obrigada, Cida!
Boa leitura!
DIÁLOGO CULTURAL
Um dos maiores sucessos infanto-juvenis de todos os tempos será analisado do ponto de vista das várias traduções, elaboradas com a finalidade de documentar como um único livro consegue incendiar a imaginação de jovens no mundo todo e sintonizá-los em torno de uma única obra. Tudo isso focado na importância do papel do tradutor. Trata-se da série Harry Potter, da escritora inglesa J. K. Rowling. Entre 7 e 8 de setembro, tradutores do título para diversas culturas se reunirão em Paris, na França, na conferência Globalização Via Localização – Um Diálogo Cultural Através das Traduções de Harry Potter, com o patrocínio da Unesco. Do Brasil – e do português-, a convidada é Lia Wyler, que tem uma experiência bastante particular com os livros do jovem bruxo. Como ela explica, a cultura brasileira já é permeada no cotidiano de referências culturais norte-americanas que, por sua vez, tem padrões derivados da Inglaterra. Assim, em seu caso, sempre foi possível conservar diferenças para destacar que se trata de autor estrangeiro escrevendo para seus conterrâneos. “As crianças inglesas tomam chá e, mesmo acompanhado de bolinhos, continua sendo chá a qualquer hora. Já as crianças brasileiras tomam café com leite e bolinhos, uma refeição chamada de lanche, de merenda. Mesmo assim mantenho chá, que é um dado cultural inglês conhecido”, conta Lia.
Alguma diferença, segundo ela, pode acontecer em ditos populares, muitas vezes inventados por Rowling. “Mantenho o conteúdo intacto, mas mudo alguma palavra para manter o ritmo característico dos ditados populares.” Um exemplo está na frase rimada em inglês "jinx by twilight undone by midnight”. Em tradução livre seria “feitiço ao anoitecer desfaz à meia-noite”, mas foi traduzida como “feitiço ao anoitecer desfaz ao amanhecer” para justamente manter o ritmo.
A manutenção de dados específicos da cultura inglesa de forma literal não torna, no entanto, o trabalho mais fácil. De acordo com Lia, a grande dificuldade está em trabalhar com um texto no qual a autora dá novos significados a palavras de uso corrente, encenando sua trama em um universo paralelo, que exige um profundo conhecimento da cultura do Reino Unido, seus padrões de comportamento, crenças e costumes de seus distintos grupos sociais e dos vários registros em que eles se expressam. “Além disso, em todos os volumes há dezenas de decalques de notícias de jornal, avisos escolares, livro de feitiçaria medieval, irradiação de jogos, cartas oficiais de adultos para crianças e entre elas mesmas, que contribuem para dar maior verossimilhança à trama”, comenta Lia.
Fonte:
Fonte: http://www2.livrariacultura.com.br/culturanews/rc25/index2.asp?page=capa
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